Morte, Luto e Patrimonialização​

 

Juliane Conceição Primon Serres (UFPEL)

Rafael Teixeira Chaves (UNIRIO)

 

A proposta do Simpósio Temático visa explorar questões do Tempo Presente, especialmente aquelas relacionadas às Catástrofes Coletivas, com foco principal na Pandemia, Luto e Virtualidade. Durante a Pandemia de Covid-19, ocorrida entre os anos de 2020 e 2023, o processo de memorialização, por meio de registros, arquivamentos e compartilhamentos de memórias, emergiu como um fenômeno social de grande importância, cujos desdobramentos ainda ecoam no presente. 

 

Desde as memórias individuais até as memórias coletivas, mediadas pela virtualidade, nosso tempo vivenciou um período de transformações significativas. Além das vidas perdidas durante e após a Pandemia, o luto subsequente tornou-se não apenas um fenômeno individual, mas também coletivo, impactando comunidades inteiras. 

 

Como as disciplinas históricas e outras relacionadas à memória têm abordado esse fenômeno? O que foi produzido até agora, o que está em discussão e quais memórias estão sendo preservadas ou esquecidas? Nesse período, diversos projetos de memorialização e virtualização surgiram. Apesar de a Morte e o Morrer terem uma longa História (Ariès, Elias e Kubler-Ross) no contexto atual emergem fenômenos novos, impulsionados pelo crescente uso de meios digitais para expressar, compartilhar e vivenciar a morte, a dor e o luto. 

 

Esses fenômenos não se limitam ao caso do Covid, estendendo-se a outros desastres coletivos, o que torna a virtualização um meio importante de lembrar. A análise dessa interação entre luto e virtualidade representa uma área importante de investigação. O Simpósio acolherá trabalhos que explorem essas temáticas sob diversas perspectivas e abordagens, incentivando a reflexão sobre o papel da história e de outras disciplinas na compreensão e preservação das memórias relacionadas à Pandemia e Catástrofes. 

 

A amplitude dessas reflexões não apenas contribuirá para uma compreensão mais abrangente dos impactos sociais que situações de desestruturação social ou grande sofrimento coletivo impõem à sociedade, mas também sobre como esta reage a esses eventos. Nesse contexto, o Simpósio busca não apenas analisar o passado recente, mas também fornecer elementos de reflexão para orientar futuras pesquisas e práticas, reconhecendo a complexidade e a interconexão das narrativas individuais e coletivas. 

 

Referências Bibliográficas 

 

ARIÈS, Philipe. História da Morte no Ocidente. Rio de Janeiro: Saraiva, 2012. 

BOUSSO, R. S. et al. Uma nova forma de luto: os efeitos da revolução tecnológica. Com Ciência: Campinas, n. 163, nov. 2014. Disponível em <http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-76542014000900008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 29 fev. 2024. 

ELIAS, Norbet. A solidão dos Moribundos. Rio de Janeiro: Zahar, 2021. KUBLER-ROSS, Elisabeth. Sobre a morte e o morrer: O que os Doentes Terminais têm para Ensinar a Médicos, Enfermeiras, Religiosos e aos seus Próprios Parentes. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996. 

LEVI, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. MELLO, Robson. LUTO NA PANDEMIA COVID-19. Revista PsicoFAE: Pluralidades em Saúde Mental, [S.l.], v. 9, n. 1, p. 7-17, jul. 2020. ISSN 2447-1798. Disponível em: <https://www.revistapsicofae.fae.edu/psico/article/view/289/182>. Acesso em: 29 fev. 2024.

VICENTE DA SILVA, Andreia et al. Morte, ritos fúnebres e luto na pandemia de Covid-19 no Brasil.v. 13 n. 30 (2021): Dossiê: Pestes, quarentenas, pandemias e pandemônios: visões e visualizações da doença ontem e hoje. Acesso em: 29 fev. 2024.