ST 09 - Patrimônio, Ensino e Direito à Memória: diálogo entre práticas
Andrea Lemos (CAP/UERJ) / Gabriel Cid (PPCIS/UERJ)
O reconhecimento de espaços formais e não formais para uma formação política e cultural mais ampla têm promovido metodologias diversas em torno da produção de um conhecimento crítico dos patrimônios culturais valorizados e revelador de memórias silenciadas. No Brasil recente temos observado a naturalização de concepções equivocadas a respeito da nossa História, por setores da sociedade, que reforçam os silenciamentos de acontecimentos históricos autoritários, violentos e antidemocráticos. Contra qualquer subtração de tais acontecimentos e apagamento das lutas de “minorias” no Brasil, analistas do patrimônio de diversos campos de atuação - professores da educação básica, militantes de movimentos sociais ou agentes culturais - são desafiados permanentemente a reelaborar seus currículos e conteúdos formativos e a criar novas metodologias que subsidiem suas abordagens. O patrimônio cultural se coloca como uma ferramenta importante nesse processo de revisão e ampliação da relação entre os variados processos de ensino e a construção do conhecimento histórico em prol do direito à memória. Foi possível nas últimas décadas o alargamento da noção de patrimônio cultural, a ampliação de seus usos e o trato de bens de novo tipo, embora estudos demonstrem que há tensões para uma efetiva realização da cidadania nas políticas para a memória por parte de minorias políticas (Cid, 2016). Nesse contexto, em relação ao campo de atuação e reflexão do patrimônio cultural, são reivindicados espaços museais, temas e percursos da história local, o livro didático, práticas de educação em patrimônio e o trato com patrimônios sensíveis, contraditórios ou difíceis, a cultura popular, a decolonialidade do saber e a luta antirracista. Compreender as disputas que envolvem os processos de preservação é imprescindível para reconstruir, de forma integrada à temática do patrimônio, os currículos da educação básica (Lemos, 2019) e as vivências das comunidades com seus bens. Nesse sentido propomos um debate da formação dos currículos e de experiências educativas, em seus diferentes processos formativos, à luz de uma concepção da chamada “educação patrimonial como favorecedora de processos de preservação mais participativos e dialógicos, fundamentados na diversidade cultural e nas liberdades a ela associadas” (Thompson, 2015:154). São bem-vindos estudantes, pesquisadores e profissionais que venham refletindo sobre o uso do patrimônio cultural em experiências educativas, formais e não formais, valorizando o diálogo de diferentes áreas de conhecimento como a chamada Educação Patrimonial, Ensino, História, Ciências Sociais, Geografia, Literatura, Museologia e Turismo. Entendemos que estes objetos de estudo integram as práticas de agentes da cultura, professores, discentes, militantes de movimentos sociais, etc. O Simpósio, portanto, visa reunir trabalhos de diferentes espaços culturais e educativos, com referenciais teóricos e metodológicos que favoreçam a aproximação entre ensino e pesquisa para a reflexão das disputas que envolvem os processos de preservação e as possibilidades de abordagens sobre deveres e direitos de memória.
CRONOGRAMA DE APRESENTAÇÕES DE TRABALHO
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Dia 05/10 (Terça-feira)
Sessão I - Patrimônio cultural, cidade e museus: experiências pedagógicas na Educação Básica (14h-18h)
Iniciação Científica Jr no Museu da República: compartilhando experiências
Ana Paula Vianna Zaquieu
“Educar para o patrimônio” – movimentos sociais e políticas de memória em perspectiva crítica
Andréa Lemos
Professores e Educação patrimonial
Berenice Abreu de Castro Neves
O museu como ostensor das imagens do poder colonial: os desafios educacionais hoje
Carolina Marques Garcia Fernandes Pereira, Christiane de Faria Pereira Arcuri
Conhecer e ressignificar para valorizar: patrimônio cultural na sala de aula
Helena Oliveira de Paula
As políticas de educação patrimonial em Sobral e o ensino de História
Maria Jaqueline Gomes de Paula
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Dia 06/10 (Quarta-feira)
(14h-18h)
Sessão II - Memórias da cidade e formação universitária em debate nas Artes Plásticas e na Arquitetura
Formação de professores e ensino da história da arte: o patrimônio arquitetônico in loco como fonte de estudo
Gianne Maria Montedônio Chagastelles
Sessão III - Memórias invisibilizadas: a questão étnico racial e o autoritarismo
O Memorial da Resistência de São Paulo: o potencial pedagógico-patrimonial de lugares de memória da ditadura de 1964
Carlos Beltrão do Valle
Memória e Literatura: possibilidades de interpretação do racismo estrutural em Clara dos Anjos
Hilma Ribeiro; Alexandre Batista
De amnésia à anamnese: as tramas da memória no último esconderijo de Olga Benário
Liane Campos Bonzoumet
Educação em museus, narrativas e memórias invisibilizadas: era uma vez um programa de educação musical (1930-1940), um bloco carnavalesco, seus personagens e possíveis histórias
Márcia Ladeira
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Dia 07/10 (Quinta-feira)
(14h-18h)
Sessão IV - Políticas de preservação e as memórias consagradas: desafios do tombamento e do registro
Entre permanências e mudanças: reflexões sobre o Mercado Central de Goiânia
Caroline Soares Machado; Adriana Mara Vaz de Oliveira
Os registros públicos à serviço da proteção patrimonial
Demisley Ferreira de Souza Girão
Capoeira e o direito à memória nas políticas culturais recentes no Brasil
Gabriel da Silva Vidal Cid; Marcelo Cardoso da Costa
Resistências e silenciamentos no processo de patrimonialização e nas histórias de vida no Cais do Valongo
Leila Bianchi Aguiar; Márcia Regina Romeiro Chuva; e Brenda Fonseca Coelho
A contraposição entre novo e velho na cidade de Anápolis-go: um debate sobre patrimônio e memória
Mário Pinto Calaça Júnior; Adriana Mara Vaz de Oliveira
Entre usos e permanências: algumas questões sobre a condição atual do patrimônio tombado no centro de Goiânia
Vitor de Souza Morais; Fernando Antônio Oliveira Mello