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ST 14 - Patrimônios dissonantes, direitos e resistência

Profa. Dra. Cristina Meneguello (UNICAMP) e Profa. Dra. Daniela Pistorello (UNIVILLE/SC)

Os patrimônios dissonantes - também conhecidos como patrimônios sombrios, difíceis, marginais ou da dor - remetem a locais associados ao sofrimento, à exceção, encarceramento, segregação, punição e morte. Tais patrimônios podem reunir a função de memorial ou de local de peregrinação com a finalidade de rememoração coletiva e de reconhecimento de direitos e de reparação. Na forma de memoriais espontâneos, monumentos oficiais ou museus memoriais, esses lugares que se referem ao “passado que não passa” adquirem uma função de educação pública ou revitalização urbana. Tais patrimônios associam-se, ainda, e à definição de dark tourism (turismo sombrio): mais de um milhão de pessoas visita, anualmente, os campos de concentração nazistas; 200 mil pessoas por ano visitam a casa de Anne Frank em Amsterdam, Holanda. Ainda, os bens materiais e as memórias a eles associadas, quando não fazem parte da celebração tradicional do patrimônio nacional, podem ser considerados como patrimônios difíceis. Nesse caso, remetem-se a experiência ligadas à escravidão e à migração; às regiões da cidade consideradas perigosas, periféricas ou em estado de abandono; ao patrimônio industrial de modo geral, visto que a memória do trabalho apenas começa a ser considerada como tal pelos órgãos oficiais de preservação; às memórias proscritas e indesejáveis, associadas ao patrimônio prisional, funerário e da saúde (hospitais, manicômios, leprosários, cárceres) ou, ainda, tais patrimônios dissonantes atestam a ocorrência de regimes de exceção promovidos pelo Estado bem como a atuação de grupos na perseguição e tentativa de aniquilação de outros. Ligados às políticas de memória e às Leis memoriais, tais patrimônios buscam evitar a ocultação dos fatos e desacreditação das vítimas, esclarecendo as sociedades sobre seu passado recente. Esse é um tema especialmente sensível em países da América Latina que atravessaram regimes ditatoriais, como Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, El Salvador e Paraguai. Na ausência total ou parcial de eficientes políticas de reparação e justiça, tais patrimônios podem registrar, recordar e auxiliar as vítimas e seus descendentes a lidarem com o passado, seja por meio de medidas simbólicas individuais ou coletivas. A proposta de ST é abrigar os estudos patrimoniais que abarquem a dimensão das memórias difíceis ou em disputa, em sua interrelação com a luta por direitos, na contínua construção de nossa frágil democracia.

 

CRONOGRAMA DE APRESENTAÇÕES DE TRABALHO

  • Dia 05/10 (Terça-feira)

14h-18h

Reflexões em torno das memórias desconfortáveis como patrimônio cultural no Brasil

Mariluci Cardoso de Vargas

Os passados sensíveis e o museu: Reflexões sobre as rodas de conversas com ex-presos políticos no Memorial da Resistência (SP)

Marcelo Henrique Leite

 

Lugares de memória ou esquecimento e a Ditadura Civil Militar em Curitiba (1964-2020)

Stela Titotto Castanharo

 

Intervalo 

 

Temas sensíveis nos sertões: memórias, ressentimentos e patrimônios

Vagner Silva Ramos Filho

Abram as portas e libertem o fantasmas: o turismo histórico em fazendas escravagistas

Yohana Brito de Freitas

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